terça-feira, 21 de abril de 2009

A vitalidade da interpretaçao musical



Introdução

Vitalidade é sinónimo de vigor da manifestação que denominamos Vida, contida no elemento físico, emocional e mental. Na antiguidade clássica, muito filósofos pensaram o fenómeno. Duas correntes de pensamento formaram-se:
a mecanicista e a vitalista.
Mecanicismo: a Vida devia-se à presença da Alma no corpo, ambos compostos por átomos, indivisíveis e imperecíveis (Demócrito);
Vitalismo: o corpo existiria para que a alma se realizasse (Aristóteles, doutrina vitalista).
O mundo ocidental apostou na primeira hipótese e preocupou-se com a matéria e o mundo oriental apostou numa filosofia do espírito, da energia.


Felizmente, sempre houve pessoas com inteligência superior, os grandes génios contêm em si a sabedoria para entender as limitações dos homens e é sua tarefa executarem obras que recordem a origem divina do Ser humano e do universo.

O primeiro nome que me lembro é J.S. BACH, ou em português, o sr. João Sebastião Ribeiro. A sua música é a perfeição absoluta, por mais que se torça e arranje, apenas renasce (sonatas para flauta executadas computação). Para mim, é o maior compositor de todos os tempos, insuperável. A sua música estimula a nossa própria vitalidade oferecendo-nos proporções vibratórias benéficas. É natural que esteja conotado com a música religiosa, na verdade, a sua obra será sagrada em qualquer canto do Cosmos, para lá do Espaço e do Tempo. Capaz de nos fazer tremer, temer ou iluminar corações com uma sensação de plenitude. Este fenómeno provém da sua irradiação energética, organiza e estimula o fenómeno da Vida, em suma, tem um poder alquímico. Só Deus tem o poder de criar... ao que parece o Homem aspira a chegar lá através da sua engenharia, mas enquanto o sonho espera, nós pegamos na obra de Bach e observamos o seu exemplo atentamente.

Bach e a perdida vitalidade musical


Quem aprendeu um mínimo sobre música sabe que a melodia é uma combinação de ritmo e sons. As melodias evoluem compondo FRASES e estas são modeladas pelas CURVAS. Provavelmente, é a primeira vez que ouve falar em "curvas musicais", é normal, raramente isso é ensinado. Quem as faz, fá-lo porque o sente, eventualmente tem grande dificuldade em explicar o que parece óbvio. As curvas são a irradiação vital das frases musicais, uma espécie de aura, tal como o Terra tem o seu campo magnético. Esta é a verdadeira razão porque na música dos grandes compositores nada se repete e tudo se transforma, mesmo se aparentemente o faz quando reexpõe materiais na estrutura da peça. É desta energia que se erguem as estruturas e as formas musicais, um assunto tratado pela disciplina "análise e técnicas de composição".

Tomemos este famoso trecho:








Tendo em conta que as mais recentes descobertas confirmam que o universo é eléctrico, vejamos o comportamento de um campo magnético e como isso está representado no seio do fenómeno musical. 
As duas polaridades alimentam o fluxo de campo e o seu movimento. Se aplicado sobre uma pauta dá o seguinte resultado:
A verde estão os Nós (tal como em Acústica) e a azul, o Ventre da vibração. Neste caso, apesar da semelhança, não estamos a tratar de campos de pressão sonora, mas sim, de campos electromagnéticos.

O verde representa zonas de forte atracção, a azul, o contrário. O forte e piano representam a liberdade permitida ao movimento. Sim, música é movimento, mesmo no seu silêncio, a música representa do ponto de vista auditivo, o movimento e as suas forças quando actual sobre o nosso corpo, o movimento apercebido pela visão, etc. A melodia terá mais liberdade de movimento nos ventres e isso tem de ser executado e sentido por nós (músicos) de modo a gerarmos a correcta ilusão auditiva do movimento. Quando isso acontece em elevada consonância com a natureza, sentimos prazer, arrepios e a sensação de que está a resultar. Deixamos de ser nós e o instrumento, tudo se une unifica e espontaneamente.

O Forte está naturalmente no ponto de máxima expansão da linha musical, a intensidade sonora pode exteriorizar-se com mais facilidade num Ventre. O Piano corresponde ao mínimo de intensidade, pois as forças de contenção são maiores, é o ponto de interiorização e escape, une as curvas entre si. Do primeiro Nó para o Ventre, o movimento sofre uma desaceleração. Do Ventre para o Nó final da curva, o movimento sujeita-se a uma aceleração. Existe uma dança de trocas entre a velocidade e a intensidade, a interiorização e a exteriorização da expressão.

Bach escreve baseado em curvas extremamente variadas, o que gera enorme dinamismo. Quem nunca sentiu a ilusão e a dificuldade em determinar onde acaba ou começam as frases musicais de J.S. Bach?

Ora, é este o seu segredo e a razão subjacente à vitalidade, um forte vortéx energético, as suas linhas melódica e rítmica estão suspensos numa espécie de mono-carril magnético de alta velocidade.
Basta acertar os Ventres e os Nós, e o comboio é bala... Penso logo no grande pianista Glenn Gould, tantas vezes acusado de tocar Bach em excesso de velocidade. Ele intuiu imediatamente este fenómeno. A ilusão de velocidade (densidade) é  um componente muito relevante para o efeito fractal, a grande riqueza do universo é a sua organização infinitesimal, aí reside a capacidade de auto-renovação dos fenómenos naturais.

Acertemos agora os Ventre e os Nós, eis a "aura", as curvas vitais da Badinerie. O número que surge nos ventre representa o número de compassos contidos por curva:
Curvas_musicais

Pense, ouça, sinta, resista, repita ... logo, logo a sua percepção mostrar-lhe-à o outro lado de Bach.


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